sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

+

É bem fininha, como se eu tivesse pisado num espinho ou prendido o dedo na porta do carro. Levado topada na quina da mesa. Um beliscão com unhas afiadas - tá sentindo?. Sabe corte no dedo feito por papel? Parece nada. Visivelmente não é nada. Uma besteirinha, mal sai sangue. Mas queima, arde, fica latejando quando bate água, vento, sol, sabonete. Seria melhor uma ferida de queda de bicicleta. Aquela que você morre de vergonha na hora, limpa o joelho ralado, tira a areia, se ajeita e vai pra casa colocar merthiolate. Aquela ferida dói. A queda dói. Mas dá pra pôr remédio e, com o tempo, forma uma "casquinha" que cicatriza, depois a pele se regenera e fica só a lembrança do baque. Já o corte de papel não tem como passar remédio, não tem "casquinha" e nem queda. Por mais que doa tanto quanto uma ferida de bicicleta. É pior porque ninguém vê, não sangra por fora, e a dor consegue ser intensa do começo ao fim. Não tem como pedir ajuda pra ferida de dentro. Não dá pra comprar remédio na farmácia e nem soprar o ardor. Nem tem como tirar a areia, colocar band-aid e esperar a cicatrização. É uma ferida tão fina quanto tentar respirar por debaixo d'água - sufoca, e lembra à gente o quanto dói sentir.

Um comentário:

Tiago Fagner disse...

Sem comentários. Vc disse tudo!