quinta-feira, 7 de agosto de 2008

07.08.08 = 4



Como entender a última foto com alguém? Congelar o momento que não acontecerá novamente - não existirá, nem parecido.



Toda vez que vejo essa foto penso nisso. Lógico que não sabia que era a nossa última foto. Mas antes de acontecer, a gente se abraçou e riu e se abraçou de novo e riu. Não foi estranho, era comum vê-la sorrir e rir de qualquer besteira. Mas deu aquele estalinho. Sabe estalinho? De você notar as coisas suspensas, um olhar devagarinho, sem entender tais segundos ou pra quê existem? Como explicar o inexplicável? Foi uma foto que não previa, mas sabia. Não conscientemente, mas eu sabia que era a nossa última. E foi uma, apenas. Poderiam ter sido várias pra registrar o momento, mas só foi uma. Dois meses depois dessa foto ela veio a falecer. Graças a Deus tinha uma foto dela pra mostrar o que não se vê por foto. Mas reforça a simplicidade dela. Da foto e dela, minha vó.
Não vou falar em saudade porque não se fala em saudade. Não tem como. Posso fazer vários textos como fiz há quatro anos, posso detalhar, remoer, justificar, mas nada vai chegar perto do que vem de dentro, é uma força sem medida, incalculável.
A saudade mais amarga e a lembrança mais doce.
Você, a paz de céus azuis, voinha.

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